17 de outubro de 2020

NINGUÉM É DE NINGUÉM – ZÍBIA GASPARETTO

NINGUÉM É DE NINGUÉM – ZÍBIA GASPARETTO

Há quem pense que sentir ciúme é provar que se ama ardentemente. Até descobrir que ele transforma sua vida amorosa em dolorosa tragédia que termina em amarga separação. Se fizermos as contas, perceberemos que sofremos mais com as pessoas que amamos do que com aquelas que nos odeiam. O que você chama de amor não será apenas paixão? Você vive se inferiorizando por não conseguir atingir os seus vaidosos ideais e sempre escolhe alguém que terá a terrível tarefa de fazê-lo sentir-se melhor. Tortura essa pessoa para que ela lhe dê uma exaustiva atenção, a mesma que você se nega. Luta para ser o dono absoluto do outro, como se o fato de gostar lhe desse esse direito. Está história o fará refletir sobre o falso e o verdadeiro amor e perceber que a vida afetiva é um constante exercício de autodomínio. No final descobriremos que só possuímos a nós mesmos, pois ninguém é de ninguém.


NOTA SOBRE O LIVRO:

O título do livro poderia resumir tudo. Ninguém é de ninguém.

Roberto e Gabriela eram casados, mas ele sempre se sentiu inferior à mulher, sempre inseguro e sempre se julgando menos que ela, simplesmente porque a mulher estudou mais que ele, era uma mulher decidida, inteligente, bonita, que sabia o que queria da vida e assumiu o sustento da casa quando ele levou um golpe do sócio. Gabriela ainda foi promovida e passou a ter um salário maior do que o que já tinha. Com isso, a insegurança de Roberto falou mais alto do que tudo e ele passou a imaginar coisas que não existiam, dentre elas, que a esposa tinha um caso com o chefe.

Roberto negligenciou a própria vida, por fraqueza e passou a infernizar a vida de Gabriela. Em contrapartida, a mãe de Roberto, ao invés de enxergar que o filho estava obcecado, alimentava ainda mais as fantasias dele, sempre tratando ele como um pobre coitado.

Quem aguenta viver com alguém assim? Não tem amor que resista tanta pressão, tanta desconfiança, tanta cobrança, tanto ciúmes, tanta perseguição e uma pessoa de mente tacanha. Gabriela estava esgotada de tudo que vivia com o marido.

Roberto chegou a recorrer a processos de magia negra com a intenção de fazer com que Gabriela fosse submissa a ele, que fosse a mulher que ele pudesse dominar e assim, na sua imaginação, sentir-se mais homem.

Paralelamente à história de Roberto e Gabriela, temos Renato (o chefe de Gabriela) e sua esposa Gioconda. Nesta relação o inferno é ao contrário. Gioconda era uma mulher mimada, fútil, vazia, cheia de vontades, que não trabalha e que se faz de doente para chamar a atenção. O que mantém o casamento é o lado paternal de Renato. Por seus filhos ele exige de si cada vez mais paciência para lidar com a esposa.

São dois casamentos arruinados.

Essa e o tipo de história que você ama ou odeia e simplesmente pelo tipo de relação que estes casais viveram e por todas as consequências finais de cada um.

O principal desse tipo de romance nem é a história em si, mas sim a mensagem que há por trás dos exemplos de vida, dos personagens e seus comportamentos, sabendo que tudo que praticamos influencia diretamente em nossa vida e na vida das pessoas que nos cercam.

É revoltante o comportamento de Roberto e Gioconda? Claro que sim. E quantos deles não existem espalhados por aí? Haja visto o número de assassinatos, que agora, simplesmente são classificados como feminicídio. Este livro foi lançado no ano de 2000 e 20 anos depois continua sendo muito atual e, infelizmente, continuará sendo, porque sempre haverá diversos Robertos esparramados pelo mundo. Esse tipo de psicopatia não está estampado na testa e muitos só se revelam depois de algum tempo, quando até para se livrar deles virou uma missão quase impossível.

Leia, reflita!

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